segunda-feira, 19 de junho de 2017

DISCIPLINA

"A disciplina, o ajustamento, o exercício, só servem para reforçar a consciência individual de ser alguma coisa. A mente pratica a não-avidez e, por conseguinte, não está livre da consciência de ser não-ávida, por esta razão ela não é, deveras, não-ávida; apenas vestiu uma capa nova, a que chama não-avidez. Pode-se observar este processo em todos os seus aspectos; nossos motivos, nosso desejo de alcançar um fim, pelo ajustamento a um padrão, nosso desejo de estar em segurança, na observância de um padrão, tudo isso constitui apenas o movimento do conhecido para o conhecido, sempre dentro dos limites do próprio processo egocêntrico da mente. Perceber tudo isso, estar cônscio de tudo isso é o começo da inteligência, e a inteligência nem é virtuosa nem não-virtuosa, pois não pode ser ajustada a um padrão de virtude ou de não - virtude. A inteligência traz liberdade — que não significa licenciosidade ou desordem. Sem esta inteligência não pode haver virtude; a virtude dá liberdade, e com a liberdade surge a realidade. Se perceberes esse processo na sua inteireza, vereis então que desaparecerá o conflito. Porque nos sentimos em conflito e desejamos dele fugir, recorremos às várias formas de disciplina, de renúncia e ajustamento. Quando vemos em que consiste o processo do conflito, não há mais questão de disciplina, porque compreendemos, então, momento por momento, todo o mecanismo do conflito."

(J. Krishinamurti, A Primeira e Última Liberdade, Ed. Cultrix pg. 139)

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